Estou convicto de que é essencial promover os nossos produtos além fronteiras, pois essa é parte da chave do sucesso. Neste caso em particular, das iguarias da mesa lusitana, promover entre portas é estar a convencer a raposa a gostar de galinha, e quanto ao resto do mundo este concurso é como um grito mudo que não alcança onde era suposto.
Reafirmo aqui a minha opinião de que isto é simplesmente uma posição propagandista. Todavia não se alcançou aqui o lote das sete maravilhas gastronómicas portuguesas mas tão somente um lote de sete maravilhas.
Este resultado espelha o provincialismo a que estamos vetados com o tacanhismo ainda imperante, em que as pessoas não olham para o todo mas sim para o eu. Esta linha de ação não se reporta exclusivamente a este concurso mas igualmente a inúmeros outros casos do dia a dia, dando como exemplo óbvio, as próprias eleições legislativas ou autárquicas.
Falo do que sei, pois tive a oportunidade de presenciar uma situação relativa a um concurso de canto promovido por uma televisão em 2010/2011. A Câmara Municipal em questão não se conteve na promoção e apoio ao candidato da povoação, com o intuito de a vitória dele promover o concelho, distribuindo para tal efeito cartões pré-pagos para o povo votar, efetuando acerridamente promoção a esse concurso, quer através de cartazes ou até mesmo com um veículo a circular nas ruas com altifalante. À que referir ainda a familiariedade entre o elenco camarário e esse candidato. Resultado: esse candidato venceu o programa televisivo, apesar de suscitar dúvidas acerca do seu real valor face aos demais candidatos, alguns oriundos de famílias modestas e de concelhos que não necessitam deste género de promoção.
Isto é batota, é falsear a realidade, e não tenho qualquer dúvida que foi o que aqui se passou no concurso em epígrafe.
Sem tirar mérito aos escolhidos e apesar das diferentes opiniões, a verdade é que entre os sete estar, por exemplo, o Pastel de Belém e não figurarem inúmeros outros de maior valor para a cultura gastronómica portuguesa, parece-me invulgar.
Certamente não irão negar as raízes vincadas na nossa cultura de pratos com o bacalhau como atração principal, desde o simples Bacalhau Cozido ou o Bacalhau à Gomes de Sá.
E que tal algo que se tornou uma marca caracteristicamente portuguesa e sobejamente bajulada além portas: a Francesinha.
Mais para cima para o Minho encontro facilmente auténticos ícones lusitanos, como o Arroz de Sarrabulho (nem me falem de simplicidade na confeção, pois este prato é bem complexo para preparar), o Arroz de Cabidela (há cerca de um ano deu uma reportagem de um Chefe português que venceu um concurso de culinária internacional com este prato), o Arroz de Lampreia (iguaria de época), ou os Rojões à Moda do Minho.
E então a Posta à Mirandesa, o amigo Cozido à Portuguesa, as Tripas à Moda do Porto, a Açorda de Alho, o Polvo à Lagareiro, as Papas de Sarrabulho, a Perdiz, e certamente outros pratos que agora de momento fogem-me à memória.
Doces? Há o Arroz Doce, o Leite Creme, os Ovos Moles,... enfim. O Pastel de Belém, apesar de gostar bastante, NÃO É uma das sete maravilhas gatronómicas de Portugal... porra, não me lixem com essa!!! Quanto aos demais, fica ao critério de cada um, apesar de pessoalmente considerar que há mais nomeados a retirar de tão exclusiva lista.
Seja como fôr, novamente em Portugal se tomam iniciativas em nome de todos, quando tudo é manipulado por somente alguns.
Eu falo por mim sobre isto, tal como noutros assuntos noutras ocasiões: não reconheço estes resultados.
Mesa Marcada é um blog que eu desconhecia, mas queria o destino que tivesse lugar marcado aqui como vencedor do 1º Bloscar do Gangster.
É um espaço dedicado ao orgasmo dos sentidos, harmonizando a sua simbiose através da degustação de manjares e néctares, das bandeiras no desbravamento de restauração ainda desconhecida das massas. Causalidade intensa em satisfação e desejo venéreo, anunciam ao mundo que os restaurantes utópicos sempre existem, são reais, apesar de por vezes a preços surreais.
Espaços encantadores como o restaurante Darwin's Café (em cima) ou o hermético clube de prazer sensorial Green Caterpillar (em baixo), remetem-nos para parques temáticos da culinária, onde as vertiginosas montanhas russas exortam o paladar através de sabores diferentes, invulgares e excitantes. Locais onde a monotomia das refeições diárias é albaroada e a carteira também. Todavia, são locais que enriquecem o nosso empirismo culinário, ou pelo menos adoçam os nossos sonhos. Eu confesso que me deliciei a ver imagens de extravagantes e aparentemente apetitosas iguarias, e a ler avidamente sobre o quão agradável e formidável são todas aquelas maravilhas descritas, ao qual não está alheio o bom gosto lírico dos autores do blog, Duarte Calvão, Miguel Pires e Rui Falcão, capazes de imprimir poesia a produtos caros e colesterizados, mas objeto de desejo. A ornamentação desses espaços é a lingerie dos pratos, exponenciando a já arrebatadora experiência. Ambientes que colocam os clientes descontraidos, libertando hormonas desinibidoras para um posterior escaldante serão a dois.
Deparei-me com beleza,
com desejo,
com exotismo.
No "Mesa Marcada" são abordados os elementos interagentes numa relação de afável coexistência: o vinho e o queijo.
É uma relação de amor à primeira prova deixar-se deleitar pela volutabilidade do sabor de um queijo à medida que se enrola na boca e se envolve cumplicemente na tenacidade frutuosa de um bom vinho.
São revelados os rendez-vous das melhores iguarias, como o vinho no Weinstube de Bernkastel (à esquerda), ou os queijos na Michel Van tricht and Son, em Antuérpia (em baixo), considerada pelo Wall Street Journal como a melhor loja de queijos no mundo em 2010.
Lamentável é que persista o desconhecimento da queijaria portuguesa de qualidade, que com a devida promoção além fronteiras teria todas as condições de ombrear com os produtos internacionais, tal como já sucede atualmente com os vinhos, desde que presentes em provas às escuras (prova de vinhos sem rótulo).
É uma mesa marcada para consumir e comentar sem reservas, aqui ou por entre conversa de café, sem pudor ou tabu, agraciando as virtudes ou ostracizando os pontos negros. Remexam e comentem, açambarquem o blog, abocanhem-no, e descubram uma oferta diferente e de qualidade, abrangendo o que de melhor há na gastronomia.
Definitivamente vale a pena conferir o Mesa Marcada, onde há sempre lugar para mais um.
De Dinis Vieira, parabéns ao blog Mesa Marcada.
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