Lá no nosso Jardim, havia madeira com abundância. Um dia fomos lá ver o terreno, mas a madeira estava cheia de bicho, possivelmente o tal nemátodo da madeira do pinheiro, oriundo da China. Ouvi dizer que é pior do que os incêndios. Também do oriente só vem o que é ruim!
Com tantos buracos na madeira, aquilo desvalorizou descomunalmente. Agora ainda há que pagar o tratamento da madeira que se consegue aproveitar. E o tratador da madeira? O gajo safa-se assim? Se era pago para salvaguardar a madeira lá do nosso jardim, então tem responsabilidades a assumir.
Mas os arrendatários lá da terra dizem que até é um gajo porreiro! Querem que continue.
É pá, desculpai lá mas assim não pode ser. Ou nós ou ele. Ele errou grosseiramente, tem que ser despedido. Se quereis que continue lá, então comprai o terreno e fazei dele o que quiseres. Decidei-vos.
Num tom menos sarcástico, a verdade é que está na hora do povo madeirense decidir definitivamente o que quer. O Alberto é dirigente e causou a ruína. Tem que ser responsabilizado. Se os madeirenses voltaram a confiar-lhe a maioria absoluta, está na hora dos madeirenses serem ouvidos em referendo sobre a independência do arquipélago.
Se a preferirem, deiam-lha.
Se optarem pelo não à independência, então haverá mais legitimidade para, no mínimo, exigir rigor ao Sr. Alberto João Jardim e exigir-lhe lealdade à pátria. Já por diversas vezes ele cometeu o crime de Traição à Pátria, previsto no código penal, ao proferir declarações de teor separatista, num claro desrespeito pela soberania global da nação.
Sobre este assunto, lamento ainda não ter ouvido uma só palavra do nosso chefe supremo das forças armadas, o Presidente Cavaco Silva, que é a garantia principal da soberania e união da nação portuguesa. Falhou por inécia.
Referendo aos madeirenses, já.
Até este já percebeu que mais vale reger-se pelas leis do mercado. Eu cá colocava o cartaz no seguro, só para o caso.
Se fizesse parte desta família, ninguém o roubava. Cá o padrinho protegia-o. Cortava-se logo a mão do larápio.
Comecemos então por um lugar comum, uma espécie de âncora de todo o gangster português que se preze: o Gangster do Colarinho Branco.
Colarinho Branco: Enquadramento Histórico
Em 1930, Upton Sinclair usou pela primeira vez o termo colarinho branco. A expressão refere-se a um profissional assalariado, com tarefas administrativas, burocráticas ou de gestão, opondo-se às do colarinho azul, cujo trabalho requer emprego de mão de obra física. Durante os séculos XIX e XX, os trabalhadores masculinos da América e Europa eram quase sempre vistos usando colarinho branco. No século XX nos países anglófonos, a cor das coberturas e das golas indicavam o status social dos trabalhadores: azul para operários, castanho para supervisores e branco para a equipa profissional, bem como para engenheiros.
Uma pessoa de colarinho branco é alguém que trabalha num escritório ou que não executa esforço físico. (Fonte: Wikipédia)
Crime do Colarinho Branco: Enquadramento Histórico
O crime do colarinho branco, no campo da criminologia, foi definido inicialmente pelo criminalista americano Edwin Sutherland, como sendo um crime cometido por uma pessoa respeitável e de alto status social, no exercício das suas funções. Os cargos normalmente exercidos criam oportunidades para se cometer fraude, suborno, uso de informações privilegiadas, peculato, crimes informáticos e contrafação, crimes que podem ser mais facilmente perpetrados por funcionários ou empresários engravatados: os de colarinho branco.
Representa um abuso de confiança. Refere-se a um tipo de crime de difícil enquadramento numa qualificação jurídica precisa. Em geral, é cometido sem violência, em situações comerciais, com considerável ganho financeiro. Os autores utilizam métodos sofisticados e transações complexas, o que dificulta muito a sua percepção e investigação. (Fonte: Wikipédia)
Gangster do Colarinho Branco Português
por Dinis Vieira
O colarinho branco representa logo à partida uma luta de classes. Uma luta na qual poucos triunfam entre muitos. Uma luta que por sua vez representa em toda a plenitude o esplendor e austeridade do capitalismo.
Por cá, o fantasma deste crime assombra atualmente os meandros da política, lançando no folclore popular os figurinos que os portugueses esperavam ver como piloto ao leme da nação.
É designado como um crime sem uso de violência. Como assim? Milhões de portugueses têm visto as suas condições de vida degradarem-se paulatinamente, forçando-os em muitos casos à precariedade. Assisti pessoalmente a famílias que entregaram a casa. Assisti pessoalmente a pessoas que pedem para comer. Isto não é violência? É sim. Sei distinguir o bem do mal. Sei alhear-me às análises frias que são realizadas aos números, consigo enxergar além da responsabilização financeira que imputam às pessoas atingidas, consigo ver a dor do povo.
Existe um movimento que aborda a temática do capitalismo e do mundo do colarinho branco: o Movimento Zeitgeist. Este movimento já se encontra presente em dezenas de países, incluindo Portugal. Em terras lusitanas já tem representação numa vintena de concelhos.
Apesar de não concordar com todos os aspectos que o movimento foca, identifico-me inequivocamente com os principais. Para os interessados, aqui fica o site português: http://www.zeitgeistportugal.org/
A página principal apresenta um vídeo que resume o objetivo e propósitos do movimento. Advoga um mundo sustentável, baseado numa sociedade global. Não se trata de uma qualquer homenagem à canção "Imagine" de John Lennon, mas de uma utopia atingível, de uma realidade incontornável de amanhã. Apresenta o mundo como ele é: fechado, limitado aos recursos que existem e em muitos casos findáveis. Propõem-se a criar um sistema governativo, económico e político, alternativo aos atuais. Todavia, reconhece o poder centralista dos que ciclicamente assumem a governação por este mundo fora. Aqueles que mesmo sem estarem em governos, governam a seu bel desplante através do poder corporativo, das instituições e empresas mais representativas mundialmente. Os colarinhos brancos mais influentes do mundo, já foram alcunhados de "A Nova Ordem Mundial", conceito entretanto caído.
Muitos haviam que defendiam o corte da cabeça do polvo. Contudo, o método organizacional deste núcleo não é linear, antes é omnipresente e descentralizado como a internet. Se cortassem a cabeça, logo outro assumiria a esse papel. É agora convencional que a mudança terá que surgir pelo caminho mais longo, erradicando o mal pela raiz: a educação. É na educação ministrada atualmente que os seres, como indivíduos, são impregnados de uma competitividade desmedida. É essa competitividade que nos é incutida que leva as pessoas a criarem e sustentarem um ego de classes entre humanos, a almejarem sempre mais, mais do que necessitam, mesmo em prejuízo grave de grande parte da humanidade.
Os gangsteres portugueses de colarinho branco almejam mais em detrimento da restante maioria portuguesa. No entanto, existem os gangsteres de colarinho branco de classe internacional, com outros argumentos, com outra acutilância na capacidade de estrago. Daí resulta que os danos colaterais recaiem sobre os gangsteres portugueses, mas estes, como quem não é carne mas também não é peixe, repercutem o dano para o povo português, porque afinal de contas, o povo sempre foi nesta hierarquia de monarquias e democracias, o elo mais fraco.
Portugal está à deriva, e não é de agora. Não temos liquidez. Se pedimos X a crédito ao banco central, e após o prazo temos que pagar com juros, teremos que devolver mais do que pedimos. Ora está que não temos. Pedimos novo empréstimo a crédito para pagar o primeiro, que trazem a monte mais os seus juros. Após o prazo de pagamento temos de pagar novamente, mas... não temos. Lá vamos nós pedir novamente empréstimo para pagar empréstimo, sempre com os juros que isso representa. Não é preciso saber muito de economia para perceber que é um ciclo vicioso do qual não há saída. É preciso gerar uma fonte de rendimento, algo que os outros não tenham, que não consigam facilmente ter, e... que precisem.
É deste mundo que os gangsteres de colarinho branco precisam, este das especulações, das permeáveis tramas jurídicas, dos lobbys, do favorecimento ilícito, da exploração e açabarcamento económico que é feito à população, da propaganda à máquina bem oleada.
Sim, propaganda. Sempre foi um dos maiores aliados do poder. Não se julgue que propaganda é mera publicidade. Não. É manipulação, é manipulação camuflada. A televisão ainda é atualmente o melhor meio de divulgação, e por tal o canal de excelência de propaganda. Julgamos que estamos no controlo, mas em verdade somos controlados. Essa é a essência da propaganda: a ilusão. Somos a todo o momento levados a crer que determinado produto é melhor ou não, que determinada doença é mortífera e está a alastrar, que determinado partido já ganhou as eleições devido às sondagens, que determinada pessoa cometeu certo crime quando até está inocente. Em Portugal, foi sublimemente usada por António Salazar. Apesar de pessoalmente considerar que tinha propósitos altruístas, faltou-lhe discernimento para levar Portugal mais além, sufocando o povo até ao limite.
A propaganda também hoje em dia é usada ostensivamente no meio político. Quando incómoda, é abafada, como o conhecido caso da Manuela Moura Guedes.
Recentemente, tive uma experiência inusitada noutro dos grandes meios propagandísticos atuais. Reparei que nas notícias dos principais sites portugueses, de diversos jornais online e do próprio Sapo, havia indivíduos que reiteradamente contrapunham-se aos comentários negativos ao partido do poder, bombardeando esses espaços de comentários com mensagens propagandistas. Não afirmavam-se a si mesmos, mas sim como vozes do povo. Comentei, dei a minha opinião. Aleguei e alertei os demais para este facto, de propaganda, de indivíduos assalariados que tinham como função a intervenção nos comentários, como caraterização do povo. Coloquei somente duas opiniões. Cerca de trinta segundos depois, o espanto. Fui ameaçado através de mensagem particular de que deveria parar com aquelas intervenções, pois eram difamatórias e lesivas, de tal modo que poderia ter consequências judiciais!!! Incrível. Fiquei boquiaberto, abismado. Nunca pensei que chegassem a tal ponto! Não difamei, não injuriei. Disse a verdade. Dei a minha opinião de forma assertiva. Esta gente ainda julga que pode calar o povo, que podem calar as vozes contraditórias. Cortar as rédeas a uma figura proeminente como a jornalista Manuela Moura Guedes deveria ser suficiente para lançar o pânico, para suster opiniões negativas ao bom jeito da PIDE. As pessoas estão a despertar. As mentes estão cada vez mais argutas, a alma desvairada com sede de justiça. Não nos calais.
Para vós, gangsteres portugueses de colarinho branco, junta-se esta missiva, tal como outras antes e muitas outras que se seguirão. É uma mensagem, um aviso. O povo está vivo, a acordar. O mundo tal como é tem os dias contados pois a genialidade do ser humano e a sua própria humanidade, irão confluir para a mudança que urge. Movimentos espontâneos ou não, como o Zeitgeist, irão despoletar e ganhar vida própria, levando-nos ao incontornável amanhã, num novo mundo de igualdade, de compartilhamento, de confraternização, sem fronteiras territoriais, barreiras linguísticas, sem preconceitos religiosos. O mundo em comunhão em direcção a um futuro melhor, mais eficiente, sustentável em recursos, de ambiente são. Venha então.
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